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Transição em etapas pequenas

A construção de madeira nos EUA é caracterizada sobretudo pelos Building Codes, os Códigos construtivos. Trata-se de especificações construtivas que estabelecem inspeções do elemento aberto no local da obra, limitando, assim, o grau de pré-fabricação. Construtoras de madeira avançadas destacam-se nesse cenário pelo fornecimento de elementos pranchados unilateralmente no local da obra. No entanto, igual ao que acontece na Europa, a crescente falta de mão de obra está sendo o motor de mudanças.

  • Mais de 85% de todas as casas nos EUA são construídas utilizando o método tradicional de enquadramento de varas.
    Mais de 85% de todas as casas nos EUA são construídas utilizando o método tradicional de enquadramento de varas.
  • uma típica casa unifamiliar americana usando construção "stick framing".
    uma típica casa unifamiliar americana usando construção "stick framing".

Também fora da Europa, a falta de mão de obra na construção de madeira está empurrando muitos países na direção da automatização. Isso também vale para os EUA, onde a construção de madeira tradicionalmente tem uma forte presença e as casas de madeira, via de rega, são construídas com grande utilização de recursos humanos.

A tradição: Stick Framing

A forma construtiva de madeira predominante nos EUA é o Stick Framing. Nela, barrotes e pranchados padronizados são fornecidos no local da obra onde, com o uso de serra elétrica e pistola de pregos, são transformados em uma casa ou prédio pronto. No Stick Framing, um grande número de construtores de madeira (framers) e empreiteiros (contractors) trabalha no local da obra e, em seis a oito meses, montam toda a casa inclusive as instalações e o acabamento. Uma das condições para o uso de uma forma construtiva que emprega um grande contingente de recursos humanos é o baixo custo da mão de obra. “O foco de todo o sistema construtivo é no Stick Framing”, destaca Daniel Fothke. “Há todo um setor de prestação de serviços envolvido e também as especificações construtivas são adaptadas perfeitamente ao Stick Framing. Tentar simplesmente introduzir o conceito europeu da pré-fabricação abrangente seria um verdadeiro fracasso.” Fothke é engenheiro de projeto na Siles, afiliada da HOMAG, que gerencia projetos da WEINMANN nos EUA. Entre as particularidades do mercado estadunidense, além do Stick Framing, as empresas da construção de madeira via de regra não trabalham para o cliente final. De um modo geral, os contratantes são os chamados Builder ou Developer, ou seja, construtoras ou incorporadoras que compram, desenvolvem e constroem grandes áreas.  As casas em cada uma das parcelas de terreno são planejadas junto com a família construtora: a escolha de um corpo estrutural básico do catálogo da construtora que vai sendo complementado com anexos, varandas, trapeiras, janelas salientes e baldaquinos, entre outros, até o produto final individual. Os projetos personalizados livres são restritos ao segmento mais alto do mercado, onde o empreiteiro trabalha junto com um arquiteto. Em amplas regiões dos EUA, a matéria-prima madeira não tem concorrência, ou seja, tudo aquilo que pode ser construído de madeira, será construído de madeira. Sua fatia do mercado é de 85% e no caso dos imóveis unifamiliares, acima de 90%. E nem mesmo os constantes danos sazonais decorrentes de tornados e furacões muda esse cenário. Bem ao contrário: como mesmo as casas sólidas em alvenaria acabam sendo derrubadas nessas tempestades com ventos de 300 km/h, as vantagens para os clientes estão claramente do lado da construção de madeira pois, na ponta do lápis, sua reconstrução é mais barata e mais rápida. Nos Estados Unidos, não só os imóveis unifamiliares são construídos tradicionalmente de madeira, mas também prédios residenciais e escritórios, hotéis, escolas e pré-escolas. Os domínios para as outras formas construtivas residem sobretudo nas edificações de vários pavimentos pois não podem ser construídas de madeira. Consequentemente, há grandes diferenças regionais: enquanto em terras planas as casas são mais largas e de madeira, nas regiões costeiras densamente povoadas se usa mais concreto, pois a falta de espaço leva à verticalização. Contudo, também aqui, devido ao desenvolvimento de novos materiais de madeira, o mercado dos arranha-céus está descortinando novas tendências construtivas para o material madeira.

O motor da falta de mão de obra

A crescente falta de mão de obra também levou uma construtora de madeira nos EUA a variar o tradicional Stick Framing em prol de um maior grau de pré-fabricação. O primeiro passo nessa direção é o Stick Framing under roof, no qual elementos pranchados unilateralmente, chamados de componentes nos EUA, são parcialmente pré-fabricados em galpões abertos. Isso reduz os tempos de montagem no local da obra e é o primeiro passo para a redução de pessoal, pois a pré-fabricação no galpão já implica em uma racionalização. Isso faz com que a construção com componentes se torne interessante para as incorporadoras: é verdade que os componentes ainda são mais caros do que o Stick Framing tradicional, no entanto, segundo Daniel Fothke, faz o tempo de montagem cair para cerca de três meses. O fato de que nas obras de Stick Framing é comum a perda de material por furto e de que a mão de obra é cada vez mais escassa e mais cara aumenta a atratividade dos componentes aos olhos das construtoras. Nesse meio tempo, o Stick Framing está em queda e a demanda por componentes já ultrapassa a oferta. Por isso, muitas construtoras adquiriram uma fábrica ou formaram uma joint venture com um produtor para ter certeza de cobrir a própria demanda por componentes. Muitas dessas empresas também já estão envolvendo equipes de montagem próprias. O resultado é que nesse mercado ainda muito fragmentado surgem construtoras de madeira que oferecem todo o processo construtivo, até o jardim, cujo serviço pode ser comparado ao do de empresas de casas pré-fabricas europeias.

Perspectivas de automatização

No Stick Framing under roof, muito é fabricado manualmente e requer muita mão de obra. No momento, o mercado estadunidense caracteriza-se pelo crescimento contínuo do interesse por fabricação automatizada, pois a mão de obra é cada vez mais rara e mais cara. Outro efeito de atração em direção à automatização surge do fato de que os clientes estadunidenses da WEINMANN apresentaram resultados excelentes em suas linhas de fabricação.

O entrave dos Códigos construtivos

O mercado estadunidense apresenta um enorme potencial. Os números confirmam isso: anualmente nos EUA, são construídas de 1,1 a 1,2 milhão de casas unifamilliares e o volume total de edifícios de madeira está em torno de 1,5 milhão no ano. Para a WEINMANN, os sinais também são evidentes no sentido da expansão do mercado e do aumento das capacidades, uma vez que nos EUA vai se impondo a conscientização de que o setor da construção, devido ao grande volume de trabalho manual envolvido, está atrasado quando comparado a outros setores no quesito produtividade do trabalho. Os Códigos construtivos locais ou regionais exigem uma inspeção dos componentes montados abertos para a grande maioria dos projetos construtivos de madeira. A inspeção no elemento não isolado verifica, entre outros, a estanqueidade das instalações de gás e hidráulica e a segurança dos sistemas elétricos, uma inspeção que é feita no galpão com um alto grau de complexidade e a um custo muito alto, representando um problema para as construtoras de madeira quando se fala em um maior grau de pré-fabricação. Com isso, os Códigos construtivos, mesmo havendo desenvolvimentos e exceções, mostraram ser (vide abaixo) o principal impedimento de um maior grau de pré-fabricação. E também é esse o motivo pelo qual nas linhas de produção automatizadas de pré-fabricados via de regra não há elementos de parede fechados, mas componentes pranchados unilateralmente. Neles, o valor agregado não se deve ao elevado grau de pré-fabricação, mas é gerado pelo rápido fluxo de trabalho e pelo maior número possível de unidades. Tal cenário demanda linhas de fabricação altamente eficientes com estação de colocação de ferrolhos automatizada e uma ponte multifuncional, com os clientes menos interessados em grande variedade de processamentos e mais voltados para pregos pregados rapidamente com unidades trabalhando em paralelo. Além do alto rendimento, a precisão da fabricação tem um papel cada vez mais importante. Daniel Fothke: “Graças à excelente qualidade, sempre constante, dos componentes fabricados industrialmente, o pós-processamento no local da obra reduz-se a praticamente zero. Alguns dos nossos clientes nos contaram que seus custos de montagem caíram em até 30% por causa disso.

Abertura lenta

As primeiras construtoras de madeira, por isso, dão um passo adiante e já constroem as janelas e partes das instalações prediais em seus elementos abertos unilateralmente. Umas poucas já estão fornecendo parte dos seus componentes fechados no local da obra. Isso é possível, por exemplo, em prédios residenciais de mais andares, onde as instalações prediais se concentram em grande parte em uns poucos componentes. Os demais elementos podem, então, ser fornecidos fechados, e as instalações prediais podem ser inspecionadas no elemento aberto como de costume. Também na construção modular em constante crescimento existe a possibilidade de um elevado grau de pré-fabricação, pois os módulos não estão sujeitos aos mesmos Códigos construtivos que os componentes. E, por fim, deve-se observar que os Códigos construtivos vão se tornando gradualmente mais liberais devido à pressão oriunda da falta de mão de obra. “Também aqui existem grandes diferenças localmente” resume Daniel Fothke. “Por exemplo, em Baltimore, está se cogitando permitir o uso de dispositivos de retenção como elementos de fixação. Códigos liberais também são encontrados na Califórnia enquanto autoridades municipais em outros estados não concordam com isso. Ou seja, acaba se formando uma colcha de retalhos que impede um desenvolvimento uniforme. No quadro geral, no entanto, aos poucos vai se desenhando um processo de abertura e se nos próximos anos conseguirmos estabelecer algumas referências positivas, estamos convictos de que também o grau de pré-fabricação evoluirá nos EUA.”

 

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